quinta-feira, 31 de julho de 2014

A surreal Libertadores da fé

La Copa chega ao seu final. Restam somente os últimos dois embates épicos que hão de consagrar um novo campeão. Uma inédita final para os participantes. Um frio estranho na barriga de vivenciar este momento tão esperado, almejado, mas não sem deixar de sentir algum remorso por ali estar, como se o panteão sagrado da América a ser gravado na base da taça mais emblemática do planeta fosse um louro maior que o próprio clube.

É realmente complicado escrever. Às vezes não percebemos que a história está acontecendo aí na nossa cara e simplesmente permitimos que isso passe batido para, somente no futuro próximo, percebermos a grandiosidade daquele momento então tão natural.

Tentei profetizar o apocalipse dizendo que não teríamos um campeão brasileiro. No entanto, jamais consideraria que nenhum de nós sequer alcançaria as semifinais com 4 equipes que nunca haviam chegado tão longe. 4 times que disputariam o direito de jogar sua primeira final de Libertadores. 4 times mais que azarões, zebras mesmo.

Quis o destino que os dois piores segundos colocados classificados para este surreal mata-mata despachassem seus rivais para travarem o duelo final da Libertadores. 

Surrealismo. Por certo a Libertadores-2014 criou toda a atmosfera favorável para que víssemos tudo aquilo que rolou na Copa Padrão FIFA e, agora, com o jarro já vazio, coloca na conta da fé de cada um dos finalistas.

A final entre Nacional Querido e San Lorenzo del Papa vai testar a fé de muito ateu fervoroso. Isso porque a maneira como essas equipes chegaram até aqui desafiou a lógica e em muitos momentos até a física.

Como explicar o gol que Herrera, do Defensor, perdeu? Embaixo das traves, goleiro batido, pequena área, 45 do segundo tempo e a bola caprichosamente explodir no travessão? É razoável dizer que o San Lorenzo bebeu na fonte alemã da Copa do Mundo para abrir um magro 5 a 0 no jogo de ida? Veem? São coisas bizarras convergindo para um mesmo fato: a final.

Há um virtual favorito e tende a ser o San Lorenzo. O Papa não é o principal fator de desequilíbrio. Ter eliminado Grêmio e Cruzeiro com frieza e ter despachado o Bolívar com truculência acima do normal revelam uma equipe mais equilibrada e um tiquinho superior ao Querido Nacional. (Em tempo, a derrota por 1 a 0 na Bolívia sob o efeito do viagra deu-se de modo agradável e sem dramas)

Contudo, do outro lado está o desgraçadamente copeiro Nacional Querido. Se o San Lorenzo é um time grande (o único dos gigantes argentinos) sem La Copa, o Nacional paraguaio é um time médio. Hoje vive dias melhores mas, ainda assim, em tese, fica bem atrás de Olímpia, Cerro Porteño, Libertad, por exemplo.

Mas voltando. O Nacional tinha que ser pego pra estudo. Em casa, o time se organiza bem atrás e dá suas escapadelas no ataque. Conquista seus placares magros para que no segundo jogo simplesmente abdique do ataque para se defender por longos e cardíacos 90 minutos. Contra o Defensor não foi diferente. O time tomou sufoco do primeiro ao último minuto e segurou dignamente a derrota por 1 a 0.

Essa final é tão imprevisível quanto, sei lá, jogo do bicho. Nem por isso fico no muro. Aposto no San Lorenzo del Papa. Mas Seo Chico que me desculpe, sinto-me obrigado a torcer pelo Nacional Querido. 




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