quinta-feira, 6 de março de 2014

Domingo no Pacaembu

Na guerra travada em todos os campeonatos o pior inimigo e o principal aliado vem das arquibancadas. Geralmente os duelos entre clube e torcida são travados com alguma parcimônia durante o primeiro semestre reservando uma generosa dose de truculência para os meses finais do ano, quando nada mais resta senão o rancor pela acumulação de maus resultados. Quis o destino que a 3 rodadas do término da primeira fase do Paulistão, Corinthians e São Paulo se enfrentassem com possibilidade concreta de negociar com seus adeptos um dos pactos mais importantes que as partes podem selar: um voto de confiança.

Domingo no Pacaembu. Tricolor bipolar, ê, José. Timão em ascensão, ê, João. Tricolor já tá lá, ê, José. E o Timão ainda não, ê João. 

Não é necessário criar mais versinhos para saber que o desenlace da história tende a ser trágico, tal como a canção. É só olhar a tabela, ver os jogos que faltam, fazer as contas e perceber onde o desejo da torcida repousa.

Animado e em ascensão, o Corinthians parece ter engolido seco o mau começo de Paulistão, a invasão e as polêmicas extra-campo para se reinventar e lutar por um espaço nas quartas-de-final. Para tanto, precisa vencer e torcer por tropeços de Botafogo e, principalmente, do Ituano para beliscar uma vaga.  

Jadson azeitou a meia-cancha, Luciano mostrou estrela e Bruno Henrique reparte o serviço sujo com Ralf e Guilherme, Cléber deu estabilidade à zaga. Embora Jadson não entre em campo como parte da bizarra negociação que envolveu a troca do meia e Pato é inegável que o Timão tem um conjunto mais harmonioso. Por mais bagunçado que esteja o ambiente é possível ver algum equilíbrio nesse grupo.

Tem uns buracos nos flancos, pois é. Só que também tem alternativas, como: Sheik, Renato Augusto, Romarinho, Danilo. Enfim, até dá para seguir no embalo dos bons resultados, derrotar o São Paulo e fungar mais fundo no cangote do Ituano. Mano sabe que vai ter que deixar de lado o retranqueirismo dos clássicos porque precisa desesperadamente dessa vitória.

Já o São Paulo vive de um bipolarismo irritante. Está classificado mas não tem o primeiro lugar garantido. Ataque e defesa batem cabeça constantemente. Parece que não conseguem funcionar bem simultaneamente. Entretanto, o que mais aflige sua torcida - à parte o futebol de oscilação - é o pífio desempenho nos clássicos e jogos decisivos.

A última vez que o Tricolor venceu um clássico foi em 2012, justamente contra o Corinthians, naquela que seria a última vez que o Ganso fez um grande jogo. Daí em diante acumularam-se derrotas e empates modorrentos. Acrescente a eliminação na semi da Sul-Americana para a Ponte e, pronto, tem-se um caldeirão de insatisfação curtida rodada após rodada.

É bem verdade que a volância tricolor não cumpre dignamente seu papel defensivo e não colabora na evolução da equipe até o ataque. No entanto, surge uma oportunidade de fazer as pazes com a torcida. Luis Fabiano aparentemente bem fisicamente e reencontrando as redes com frequência, Pabón encaixou bem no ataque, Álvaro Pereira agregou à transição e a motivação extra: é possível eliminar o Corinthians. 

Caso o Tricolor vença o Majestoso e perca seu jogo seguinte, coincidentemente contra o Ituano, que está rigorosamente um ponto na frente do Timão, elimina o alvinegro do Paulistão.

Se tem uma coisa que pode acalmar os ânimos da torcida são-paulina é levar o caos ao rival. Se tem uma coisa que pode acalmar a Fiel é uma vitória seguida da classificação. A definição da cota de confiança ou tolerância a ser administrada até o final da temporada pelas torcidas tem data para ser conhecida: Domingo no Pacaembu. 





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