segunda-feira, 31 de março de 2014

Campeão moral

Todo campeonato tem um campeão. É condição sine qua non de todo torneio que se preze. Sem esse papo derrotista de que o importante é competir. Importante mesmo é ser campeão. Seja pontos corridos, seja mata-mata, o melhor sempre ganha, certo? Errado. Ganha o mais competente, não necessariamente o melhor. Como se fosse possível justificar tal paradoxo surge a figura do campeão moral. Nem sempre ele aparece, mas quando aparece... Gera aquela polêmica, aquele choque, aquele sentimento de amor platônico fadado a evaporar e ser eternamente esquecido com o início da nova temporada.  Aquele que deveria ter sido mas não foi. Merecia muito mais o caneco que aquela equipe competente campeã de fato e direito que agora goza os louros, capas, pôsteres e especiais na tevê. A 6 rodadas do término da Premier League já se sabe quem é o campeão moral da vez.

Sem um título nacional desde a temporada 89-90, o Liverpool finalmente tem em suas mãos uma oportunidade tão única de ser campeão inglês que o título em si já não importa. Um clube gigante apequenado ante o insano poderio financeiro dos rivais. Quer dizer, dentro de casa. Não se esqueça que papou a Champions League em 2005 e foi finalista em 2007.

Pela primeira vez em muitas temporadas o Liverpool tem um ótimo time mesmo. Um ataque simplesmente avassalador no tridente formado por Suárez, Sterling e Sturridge. Até aqui foram 88 gols marcados em 32 duelos. O uruguaio Suárez é o artilheiro absoluto do certame com 29 gols seguido de longe por Sturridge, com 20.

Menção honrosa a Glen Johnson muito bem na direita, Coutinho simplesmente impecável na distribuição do jogo, Gerrard capitaneando como um garoto e os improváveis Allen e Henderson dando estabilidade a uma equipe de talento e competência ofensiva ímpar.

Lembremos que na terra da Rainha havia somente 3 grandes. Liverpool, Arsenal e Manchester United. Bom que se diga que até 2011 os Reds eram o maior campeão da Inglaterra. Foi igualado e posteriormente superado pelo Manchester United de Alex Ferguson. Mesmo assim detém 18 troféus, 5 a mais que o Arsenal.

Foi quando alguns sujeitos bem afortunados resolveram apadrinhar umas sub-equipes e iniciar um processo de copeirização delas, casos específicos de Chelsea e Manchester City. Desde a chegada de Abramovich nos blues, o Chelsea levou uma Champions League e três Inglesões. Porém, em sua história tem irrisórios 4 títulos nacionais. Temporada retrasada os citizens levantaram a Premier League, seu terceiro título.

São esses novos ricos que ameaçam evitar que o Liverpool encerre seu brutal jejum de títulos do Inglesão. Com dois jogos ainda por fazer, o Manchester City receberá Sunderland e Aston Villa. Caso vença seus compromissos, assumirá a ponta com 73 pontos, um a mais que os Reds. O Chelsea fica na espreita com 69 pontos.

Entretanto, o Liverpool depende só de suas forças para sagra-se campeão. E se não for agora, sabe-se-lá-quando vai surgir outro esquadrão como este e outra chance de ouro como esta. Isso porque dos 6 jogos que restam os Reds terão pela frente confrontos diretos justamente contra seus rivais riquinhos. Detalhe: ambos jogos em Anfield!

Que se dane o dinheiro, os louros da vitória, os medalhões. O Liverpool de Gerrard, Coutinho e do tridente da morte gastou a bola. Goleou, deu show, trouxe vida a um futebol meramente negocial. A taça é mera perfumaria. O Liverpool já é o campeão.

domingo, 30 de março de 2014

Não haverá final

O Paulistão por uma vez mais não terá final. Haverá, conforme o protocolo, duas partidas a serem disputadas com algum nível subjetivo de equilíbrio mas o campeão está decidido. A união entre os Meninos da Vila e o bruxo Oswaldo de Oliveira levou o Santos à 6ª final de Paulistão consecutiva e ao 4º título. Sim, será isso. Ou fiquem com a ilusão de que teremos uma última e definitiva zebra nesse insano Campeonato Paulista.

A taça descerá a serra porque o Santos tem o melhor time, vive a melhor fase e tem no banco alguém que não só enxerga bem o jogo como está esbanjando sorte. É, sorte. Quando perguntado sobre o sucesso que teve na partida com suas alterações, limitou-se a dizer "sorte!" e sorrir como se piscasse para tela sugerindo ter certeza do que aconteceria após cada substituição.

Cícero chuta de fora da área, a bola desvia na defesa, trai o goleiro e abre o placar. O Penapolense ousa tentar modificar o destino ao empatar cobrando um pênalti bem estranho e virar o marcador após uma trapalhada de Aranha e David Braz. Então, Oswaldo, o bruxo, troca Gabriel por Rildo. Na primeira jogada dele, escapa pela esquerda e levanta na medida para Damião cumprimentar de cabeça e igualar o marcador.

Daí o camisa 9 desperdiçou alguns milhões de chances. Quantidade suficiente para Oswaldo promover a entrada de Stéfano Yuri no lugar do badalado centroavante. Certamente como oferenda a algum demônio ou entidade pagã a habitar os arcabouços de Urbano Caldeira, pois logo o primeiro contato da bola no garoto de nome controverso resulta no gol da virada e, por conseguinte, da classificação do título.

Em seguida, as atenções foram direcionadas ao Pacaembu, palco de Palmeiras x Ituano onde se esperava a classificação verde e sua confirmação como virtual campeão. Entretanto, os reflexos da bruxaria santista foram vistos serra acima quando, logo antes do apito inicial, notou-se que Valdívia emprestava sua habilidade ao banco de suplentes.

O Palmeiras martelou boa parte do primeiro tempo parando no arqueiro Wagner, provavelmente um vodoo nas mãos de Oswaldo de Oliveira. Lá pelas tantas da primeira etapa as coisas começaram a desandar. Uma pancada tirou Alan Kardec da partida. Kleina optou por Vinícius, claro.

Na virada para a segunda etapa, outra baixa. Fernando Prass teve que dar lugar a Bruno. Ainda que o Ituano ostentasse a periculosidade de um hamster, ter Bruno sob as traves é sempre razão para não ficar tranquilo.

Sem o Mago, Bruno César era o cérebro e, por incrível que pareça, o coração da equipe. Correu, chutou, tentou de tudo e mais um pouco para ajudar o time. Mas precisava de Valdívia, que entrou aos 25 minutos no lugar de um tal de Mendieta. Todavia, o chileno precisou de 6 minutos para ser amarelado e mostrar toda sua falta de interesse em mudar o panorama do jogo, já extremamente favorável aos visitantes.

À medida que o cronômetro avançava, assim o Palmeiras se postava em campo e mais espaços aos contra-ataques eram cedidos. Depois de um punhado de investidas sem cálculo prévio, um rapaz de vermelho rasga pela direita e toca no meio. O tiro bate na zaga e se oferece para Marcelinho. O atacante atravessou uns 4 países no cooper até chegar livre e solitário na bola para bater colocado tirando de Bruno, o amaldiçoado, enquanto todos os palestrinos em campo tentavam bloquear o chute na base do olhar.

Eis a pequena diferença entre o vexame e a decepção. O Palmeiras decepcionou. Havia muita expectativa mas foi traído pela noite ruim em uma decisão em partida única, pela ausência física ou espiritual de alguns atletas, enfim.

Resta agora o protocolo. Dois jogos-treino separam o Santos do 21º título paulista. Após a impecável campanha da primeira fase e da demonstração de força no mata-mata, é certo que, de uma vez por todas, o Santos não permitirá que a zebra roube seu triunfo.








sexta-feira, 28 de março de 2014

Visita à academia

Ninguém entrou em campo mais pressionado que o Palmeiras. Após deleitar-se com as eliminações de Corinthians e São Paulo, viu o Santos atropelar a Ponte Preta e precisava a todo custo evitar uma decepção retumbante em pleno centenário. Deu-se que nos protocolares 90 minutos que correram contra o Bragantino, o Verdão cumpriu a contento e com louvor sua missão, despachou a Massa Bruta com um seguro 2 a 0 e mira uma final eletrizante com o Santos, tal como nos tempos de Academia.

O Santos de Pelé tinha rivais pontuais nos anos 60 e início da década de 70. Para ficar nos mais badalados, o Cruzeiro de Tostão e Dirceu Lopes, e o Palmeiras. A Primeira Academia que já contava com Ademir da Guia, o Divino, Dudu, Djalma Santos e por aí vai. Portanto, aqui em São Paulo, se havia uma equipe que conseguia medir forças com o melhor time do Estado, era o Palmeiras.

Não restam dúvidas que o Peixe é o melhor time de SP. Nem mesmo Damião conseguiu engessar as engrenagens de uma equipe rápida, envolvente e bem compactada quando atacada. Garotos como Alan Santos e Alisson contam com a experiência de um incansável Arouca e de Cícero, que encontrou sua grande fase no Santos. Gabriel não deixa Damião dormir tranquilo na titularidade e é opção quando Thiago Ribeiro não vai vem. Geuvânio já se torna indispensável pelo talento na organização ou finalização das tramas ofensivas. Tudo isso bem azeitado pelo repaginado Osvaldo de Oliveira.

Entretanto, do outro lado está o Palmeiras a carregar o fardo da história, o verde da camisa e um rancor que vai sendo libertado em doses homeopáticas após uma temporada de expiação na Série B. Falta um grande jogo, falta um título, uma demonstração de poder em meio a tanta efervescência emocional. 

Kleina faz um trabalho deveras satisfatório. Classificou muito bem a equipe. Venceu tranquilamente o São Paulo, deu mostras de reação ao empatar com o Corinthians, e perdeu o duelo e a melhor campanha para o Santos quando mais nada importava naquele momento. Valdívia em 2 meses já jogou mais que o ano passado inteiro. Está mais participativo e útil do que nunca. Kardec está em uma fase tão iluminada quanto seu nome. Wesley volta a apresentar regularidade. Ou seja, mais uma vez, só o Palmeiras pode tumultuar a vida do Santos.

Nunca é demais lembrar que o Campeonato Paulista está tão manjado que o Santos deve alcançar sua 6ª final consecutiva. Desde 2009, o Peixe entregou dois troféus ao Corinthians e ficou com outros três. O último campeão antes do monopólio preto e branco foi verde, em 2008. 

A essa altura do campeonato, considerando que todas as surpresas já deram o ar da graça, a final será Santos x Palmeiras, com favoritismo do Santos mas, agora, uma forte tendência de título ao Palmeiras abre-se no horizonte disposta a quebrar tabus, superar zebras, favoritos e lavar sua honra. Em nome da Academia.





quinta-feira, 27 de março de 2014

Ademílson, o profeta do vexame

14 minutos do segundo tempo. Muricy saca Pabón e lança Ademílson. Se o São Paulo até aquele momento já superava etapas rumo à eliminação, esta alteração praticamente sacramentou a queda precoce do São Paulo contra o bravo Penapolense. Acréscimos. A bola se oferece para Ademílson. O atacante chega cheio de vontade, mete a canhota nela e isola. Pênaltis? Mera formalidade. O São Paulo teria que cair porque é um time ruim e tem um elenco limitado, restrito a uma meia dúzia de bons jogadores que, no conjunto, não são capazes de fazer nada além do que incentivar o torcedor namorar com a expectativa e casar com a decepção.

Qualquer homem médio que acompanha futebol percebe que há no meio do futebol jogadores simplesmente incapazes de exercer aquele ofício. Estranhos no ninho. Tem uma cacetada deles por aí. Nesse São Paulo que inicia muito bem sua segunda temporada de desilusões, o vexame tem uma a cara de... Ademílson.

Ademílson deve ser um bom sujeito. Um cidadão de respeito. Quiçá, um bom companheiro com um ar engraçado graças àquele bigodinho controverso. Entretanto, começo a desconfiar do amor platônico que diretoria e comissão técnica sentem pelo Henry de Cotia. Impressiona o nível de inutilidade do atacante cujas boas partidas não contabilizam uma mão cheia.

Quando se olha para o banco e sua primeira opção é o Ademílson é evidente que seu time está à beira de uma catástrofe. Pior que isso é analisar o elenco e constatar com aquele ar reflexivo que os jogadores ali presentes não são exatamente ruins. Porém, o óbvio salta aos olhos: o time é horroroso. Esse paradoxo do elenco razoável para bom virar um time ridículo jamais será respondido.

Muricy Ramalho viveu uma primavera de alguns bons jogos ano passado, salvou o time do rebaixamento e elevou o astral da torcida. De repente, o time é eliminado humilhantemente pela Ponte Preta na Sul-Americana e toma um choque de realidade. Em seguida, sobram discursos contemporizadores de relativizar o óbvio ululante. E nada foi feito para mudar esse quadro!

O São Paulo 2014 é um clone mal tirado da equipe do ano passado. Volantes limitados, sistema defensivo frouxo, uma baciada de jogadores esforçados mas essencialmente ruins, privilégio que não alcança somente nosso amigo Ademílson. Não se vê nesse grupo um mínimo traço de qualidade, de tranquilidade e elegância no trato com a redonda seja ganhando, seja perdendo. É apenas um time ruim em ação sem uma solução imediata.

Seria possível direcionar a corneta a Muricy e questioná-lo por que ele insiste em fazer o time jogar tanto para frente quando o meio-campo não morde deixando a defesa extremamente e constantemente exposta. Cadê os três zagueiros, aquela bagunça na meia-cancha onde todo mundo marcava? A cadência aliada à velocidade ao sair para o ataque? O São Paulo virou um motim de 11 jogadores sem saber como e quem marcar nem como organizar uma trama ofensiva decente.

Sim, acabei de resumir todo o jogo de ontem em um parágrafo. O São Paulo pouco produziu, aceitou a marcação do adversário que, se tivesse 2% mais de capricho, qualidade ou capacidade intelectual teria repetido o feito da Macaca meses atrás. 

O fato de decidir sua sorte nos pênaltis após um empate sem gols somente potencializa o grau de mediocridade do time. Luis Fabiano morto entre a marcação; Ganso lá no meio querendo bater o recorde de tempo cochilado em campo e o de passes errados; Osvaldo, o de sempre, muita correria sem qualquer esboço de qualidade, buscou exaustivamente a mesma jogada do gol de Rodrigo Caio contra o Corinthians. E Ademílson, que dispensa comentários.

Aliás, coitado do Rodrigo Caio. Assumiu-se zagueiro, titular incontestável e, se não bastasse a cota de sustos por partida resolveu dar o ar da graça nas penalidades. Com a mesma qualidade do meia Oscar, parou no goleiro. A jovialidade lhe traiu. Quis assumir uma responsabilidade que, a essa altura, deveria estar nos pés de Álvaro Pereira, um dos que melhor tratam a bola nesse time e ausentou-se do rol de cobradores iniciais. 

Não vai ser a entrada de Pato que vai resolver. Nem a volta de Souza à volância. Basta lembrar que terão a companhia dos Denílsons, Maicons, Paulos Mirandas, Wellingtons da vida. O São Paulo não tem um grupo bom o bastante para elevar a produção da equipe, é fato. Enquanto não resolve seu problema que já ganha contornos crônicos, o Morumbi viverá de lapsos pontuais em campo até que venha o momento da substituição: ergue-se a placa, Ademílson vem aí. 



















domingo, 23 de março de 2014

A pegadinha do regulamento

O burburinho tomou conta do clássico entre Santos x Palmeiras neste domingo. O Peixe bateu o Verdão por 2 a 1 e ficou com a melhor campanha geral do Paulistão. Mais que a vantagem de decidir as finais em casa estava em jogo uma possível fuga do São Paulo nas semi-finais. Quem perdesse poderia ter caminho facilitado até a final. Assim, o Palmeiras seria o grande beneficiado com a derrota. Porém, o regulamento indica que não é bem assim.

A fórmula intrigante do Paulistão-14 e as campanhas irregulares de São Paulo e Corinthians, em tese, premiaram o Palmeiras, segundo colocado geral dessa primeira fase. Uma derrota pontual, justa e conveniente para o Santos nesta última rodada estenderia um tapete vermelho no caminho do Verdão até a final.

Nas quartas, os líderes de cada grupo enfrentarão seus respectivos segundos. Temos, então: São Paulo x Penapolense; Botafogo x Ituano; Santos x Ponte Preta; e Palmeiras x Bragantino.

Nas semi-finais, a melhor campanha encara a pior dentre os classificados. Se os jogos forem decididos dentro dos 90 minutos com a vitória dos primeiros colocados Santos x São Paulo devem brigar por uma vaga, enquanto o Palmeiras simplesmente confirma sua vaga na final contra Botafogo ou Ituano.

Leiam o parágrafo anterior novamente.

"Se os jogos forem decididos dentro dos 90 minutos com a vitória dos primeiros colocados".

Observem que o São Paulo terminou a primeira fase com 27 pontos. Botafogo e Ituano com 28. 

Agora vamos destacar o regulamento do Paulistão:

"Art. 10 - Nas partidas da fase de quartas de final e fase semifinal, o Clube que tiver obtido a melhor campanha na somatória de todas as fases anteriores, realizará a partida na condição de mandante. 
Parágrafo Único. Entende-se por melhor campanha, para efeitos deste Artigo, o quanto disposto no Artigo 14, Parágrafo 3º deste REC."

Os critérios de desempate na forma do art. 14:

"Art. 14 - Ocorrendo igualdade em pontos ganhos entre 02 (dois) ou mais Clubes aplicam-se sucessivamente, na primeira fase, os seguintes critérios técnicos de desempate:

a) Maior número de vitórias;
b) Maior saldo de gols;
c) Maior número de gols marcados;
d) Menor número de cartões vermelhos recebidos;
e) Menor número de cartões amarelos recebidos;
f) Sorteio público na sede da FPF.

§ 1º - No caso de haver empate nas partidas da fase de quartas de final e semifinal da Competição, a partida será decidida através de disputa de pênaltis, conforme procedimento estabelecido nas regras do jogo de futebol, tal como definidas pela International Football Association Board - IFAB.

§ 2º - Aplicam-se, no caso de igualdade por pontos ganhos na fase final da Competição, os critérios do caput deste artigo, até a alínea “b”, somente na fase em questão. Persistindo a igualdade a partida do returno será decidida através de disputa de pênaltis, conforme procedimento estabelecido nas regras do jogo de futebol, tal como definidas pela International Football Association Board - IFAB.

§ 3º - Entende-se por melhor campanha, o maior número de pontos ganhos acumulado pelo Clube, seguindo, se necessário, a ordem de critérios de desempate prevista no caput deste artigo, considerando-se todas as fases da Competição."

Vamos supor que o São Paulo vença o Penapolense. Somará 3 pontos totalizando 30. Se Botafogo e Ituano empatarem vão decidir nos penais e vaga e computar apenas um ponto indo a 29. Vencer nos pênaltis não garante três pontos como uma vitória "normal". Além disso, o regulamento indica que será levado em conta a somatória de pontos das fases anteriores.

O parágrafo primeiro define que o empate levará a decisão aos pênaltis. Empate. E os empates valem um ponto. Isso está no Regulamento Geral do Paulistão, artigo 11:

"Art. 11 - Nas Competições oficiais, salvo disposição em contrário estabelecida nos  respectivos RECs, serão atribuídos: 
I. 3 (três) pontos por vitória; 
II. 1 (um) ponto por empate. 
Parágrafo Único - Os critérios de desempate constarão dos RECs. "

Não há nada no regulamento específico que contabilize três ponto a uma vitória nos pênaltis, principalmente depois de frisar que o resultado de uma partida decidida nos pênaltis é um empate.

Neste raciocínio, zebras fora, é certo que Palmeiras ou Santos estará na final. Se Botafogo e Ituano empatarem, o Peixe assegura a 6ª final consecutiva. Caso os líderes de cada grupo confirmem o favoritismo nos 90 minutos protocolares, teremos o Palmeiras na final. 




sexta-feira, 21 de março de 2014

Formigam as mãos

Finalizada a 4ª jornada da fase de grupos da Libertadores, muitas mãos iniciaram o processo de formigamento. Em breve virá a falta de ar e um certo desconforto no peito. Não, não é um ataque cardíaco. É a Libertadores a duas rodadas de definir seus classificados às oitavas-de-final.


GRUPO 1 - Atlético Paranaense e Vélez Sarfield assumiram a ponta com 9 pontos. Enquanto o Furacão deitou o porrete no Universitario novamente, os argentinos devolveram a derrota para os bolivianos e deixaram o The Strongest lá 3 pontos atrás. O Atlético não está garantido, mas a vantagem conforta. Bom que se lembre: agora recebe o Vélez e depois vai encarar a altitude. 

GRUPO 2 - Sofrimento e Botafogo, como separá-los? Impossível. A vitória apertada por 1 a 0 deixou os brasileiros na ponta com 7 pontos. Só que o Unión Española resolveu trollar o Sumo Pontífice. Os chilenos venceram o San Lorenzo por 1 a 0, subiram para segundo (6 pontos) e jogaram os argentinos para a lanterna fazendo certamente o Papa cometer alguns pecados verbais e outros tantos em pensamento. Tanto o San Lorenzo como o Independiente Del Valle somam 4 pontos e, sim, permanecem vivos. Obs: Se o Fogão derrotar os chilenos na próxima rodada carimba passaporte para as oitavas! Oremos.

GRUPO 3 - Qualquer coisa pode sair daqui. Em meio à confusão, o Cerro Porteño bateu o O'Higgins por 2 a 1, foi a 7 pontos e tomou a liderança. Já o Lanús lembrou que a Libertadores já havia começado e conquistou sua primeira vitória. Bateu o Deportivo Cali por 2 a 0 e ameaça postular uma vaga nas oitavas. Os colombianos permanecem na vice-liderança com 6, os chilenos ainda sustentam a terceira colocação com 5 e daí encostam os argentinos com 4. 

GRUPO 4 - O Atlético Mineiro segue tranquilo na liderança em que pese ter empatado em casa com o Nacional, do Paraguai. Os oito pontos dos mineiros contrastam os 5 dos paraguaios, que são vigiados de perto por Independiente Santa Fé e Zamora. Ambos empataram e foram a 4 pontos. 

GRUPO 5 - Aqui encontramos um brasileiro refém da Libertadores. Bom, inicia-se com a vitória da Universidad de Chile sobre o Real Garcilaso, lanterna com os mesmos 3 pontos desde a primeira rodada quando derrotou o Cruzeiro. O resultado fez os chilenos ostentarem 9 pontos e a liderança absoluta do bloco. Coube ao Defensor fazer as vezes de time uruguaio copeiro que se preze e botar a faca no pescoço dos brasileiros. Não bastasse a vitória na semana passada, os uruguaios assombraram o Mineirão na noite de ontem. Estava 2 a 0 para o Cruzeiro e tudo encaminhava para um término de jogo razoável para a Raposa. Mas o guri Gedoz e Zeballos, este no último suspiro de jogo, igualaram o marcador e deixou o Defensor com 3 preciosos pontos de vantagem. Defensor 7 x 4 Cruzeiro. O amargo empate sob vaias da torcida ao apito final pode sabotar a moral cruzeirense. Na próxima rodada, os mineiros vão visitar a La U, equipe goleada no Mineirão e certamente sedenta de vingança, enquanto os uruguaios vão até as alturas de Cusco. Vexame tupiniquim à vista.

GRUPO 6 - A morte parece estar planejando algum tipo de entrada triunfal na última rodada deste grupo. Isso porque o Tricolor Gaúcho achou um surreal empate na Argentina contra o Newell's aos 47 do segundo tempo e simplesmente tirou a ceifadora de cena neste momento. Contudo, como dito, ela virá cedo ou tarde. Os gaúchos, com 8 pontos, vão visitar o serelepe Atlético Nacional, vice-líder com 7 depois de impor mais uma derrota nas costas de um irreconhecível Nacional que soma um mísero ponto. O Newell's possui 5 pontos e respira. Uma vitória põe o Grêmio nas oitavas. Só uma hecatombe pode tirar o Grêmio das oitavas. É isso.

GRUPO 7 - Outro brasileiro sob risco. O Flamengo desgraçou-se. Semana passada jogou fora dois pontos contra o Bolívar. Agora, derrota para os bolivianos. Para piorar, os brasileiros assumiram a lanterna com 4 pontos e catapultaram o Bolívar para a terceira posição que acumula 5 pontos, além muita ambição. Lá em cima, o León devolveu a derrota para o Emelec e roubou a liderança dos equatorianos. 7 pontos para os mexicanos contra 6 do Emelec. Situação delicada do Mengão que terá que somar pontos fora de casa para continuar sonhando com o mata-mata.

GRUPO 8 - Enfim uma novidade! É verdade que o Santos Laguna atropelou o pobre Deportivo Anzoátegui por 3 a 0 consolidando-se como melhor time da Libertadores até o momento com (in)expressivos 10 pontos. Todavia, o Peñarol resolveu dar o ar da graça! Venceu o Arsenal, de virada, e soma 4 pontos sendo apenas 2 atrás dos argentinos vice-líderes. Se a camiseta mandou certo o recado, a morte deve passar por aqui também. 



quarta-feira, 19 de março de 2014

Fator Manchester tumultua quartas da Champions League

Nas fases finais da Champions League, via de regra, só tem partidas aprazíveis de se acompanhar. Confrontos que valem dar aquele migué no trampo para encostar no boteco e ver o que vai sair das peladas europeias. Após as classificações de Barcelona, Bayern, PSG e Atlético de Madrid, hoje conhecemos os outros classificados. Graças ao fator Manchester, o sorteio da próxima sexta-feira não vai livrar ninguém de um confronto indesejável.

O universo sabia que o Real Madrid já estava classificado. Mesmo assim deu mais um sacode no coitado do Schalke 04 por 3 a 1. A mesma certeza se extraía do Borussia. Depois de golear o Zenit por 4 a 2, deu-se o luxo de perder para os russos por 2 a 1 e seguir viagem Europa adentro.

Era também esperado que o Chelsea classificasse. Levou para Londres um protocolar empate por 1 a 1 contra o Galatasaray com intuito de deixar o mando de campo dar cabo da classificação. E assim foi. Sem sustos, vitória por 2 a 0 e fé no bi. 

Porém, ninguém contava com a intromissão do Manchester United na farra do boi dos grandes. Claro, em condições normais, os Diabos Vermelhos não precisariam de convite formal. No entanto, é de sabença geral a draga maldita que o lado vermelho de Manchester vive nesta temporada, fato que não motivou o clubinho a esperar pela presença do velho companheiro de guerra. 

Pois bem, o Olympiacos ousou bater nos ingleses por 2 a 0 e entrar no Reino Unido podendo empatar ou ser derrotado por um gol de diferença, ou até por dois caso quisesse estabelecer o pandemônio na cidade anotando um tento em Old Trafford.

Subitamente o Manchester United acordou para a vida, ignorou a campanha tosca no Inglesão e resolveu limpar sua honra pelo continente. Sobrou para os gregos. Van Persie marca três vezes e coloca o Manchester nas quartas-de-final.

Significa dizer que ninguém mais vai esfregas as mãos feliz e contente quando a bolinha indicar os gregos como rival. Agora, além de um caminho tortuoso até Lisboa, palco da final, o sorteio só vai colocar adversário indigesto a todos. 

O bom futebol apresentado pelos colchoneros, a presença da camisa de United no bando das quartas  e a ausência de limitações geográficas no sorteio asseguram quatro grandes jogos, sem dúvida nenhuma. 

Aguardemos as peripécias das bolinhas na sexta.


segunda-feira, 17 de março de 2014

Grafite, in memoriam

Craque e ídolo são termos cruelmente banalizados atualmente, principalmente o primeiro. No entanto, para ser ídolo não é preciso talento igual ao de um craque. Basta ser raçudo. Ou sortudo. Ou oportunista. Ou eficiente. Ou engraçado. Ou grosso. Ou gordinho. Não importa, há infinitas variantes. Mas, infelizmente, tão importante quanto ser ídolo é não ser o vilão, o judas, o Grafite.

2004. Paulistão. O Corinthians jogava sua permanência na elite do futebol paulista dependendo somente de si. Recebeu a Portuguesa Santista e perdeu. Ao mesmo tempo, orava para que o São Paulo não perdesse para o Juventus. Do contrário, seria rebaixado. O Tricolor venceu o Moleque Travesso com dois gols de Grafite e salvou o rival. 

O atacante sofreu certa perseguição por ter demonstrado aplicação acima do normal em uma partida tão especial para a torcida. A chance de rebaixar o rival e impor tal humilhação contagiava a todos os demais rivais em conjunto. Grafite foi profissional, guardou seus gols, fez seu papel e somente veio a reencontrar a paz com as arquibancadas após muitos outros gols e boas atuações.

No entanto, seu feito jamais foi esquecido. Lembrar seu nome traz à tona o surreal episódio, muito mais marcante que sua convocação para a Copa do Mundo em 2010.

2014. Paulistão. Corinthians faz campanha irregular e precisa vencer seus dois duelos e torcer por pelo menos um tropeço do Ituano. Foi encarar a já classificada Penapolense e empatou. Ao mesmo tempo, torcia para o São Paulo segurar o Ituano para que pudesse sonhar com a classificação. Eis que o Tricolor perdeu em casa e o Timão está eliminado do Paulistão.

Por mais que sejam atiradas pedras nos bizarros regulamentos do Paulistão, gostei desta fórmula. A divisão por grupos sem que os seus integrantes joguem entre si acirra a briga pela classificação de maneira saudável. Evitando-se os confrontos diretos, cabe à própria equipe cumprir seu papel se quiser seguir na competição. Já para efeitos de rebaixamento, as 4 piores no geral que sejam despachadas para a A-2. Justo o bastante, convenhamos.

Se o intuito era que as melhores campanhas gerais fossem às quartas-de-final não haveria por que estabelecer a divisão por grupos. É um tanto óbvio. Pois bem.

Nesse contexto, é bom que se diga que o Corinthians foi garimpando sua eliminação ao longo do Paulistão. Não se esqueça que o Timão precisava vencer e não venceu. Convém refrescar a memória: o Corinthians ficou 6 rodadas sem vencer tendo conquistado irrisórios 2 empates. Daí transferir a culpa para quem quer que seja é o cúmulo da irresponsabilidade. 

E o São Paulo? Bem, é verdade no futebol tudo é possível. Toda sorte de teorias conspiratórias são válidas para que torcedores, dirigentes, jogadores e treinadores depositem sua crença e tirem parte da culpa que carregam.

Também é certo que o São Paulo tinha tanto apetite em vencer esse jogo quanto Walter tem por frutas e verduras. Mas a oscilação é uma marca registrada desse São Paulo bipolar. Capaz de vencer o próprio Corinthians e fazer jogo duro com o Santos, porém, ser dominado pelo Palmeiras e encontrar extrema dificuldade cognitiva contra adversários da estirpe de um São Bernardo.

Pode-se exaltar a postura de jogo do Ituano, culpar a chuva, a limitação patológica de Ademílson no trato com a bola, a irregularidade de Ganso, a fragilidade do sistema defensivo, a hilária apresentação de Luis Ricardo como boneco de posto. Estão aqui presentes um mar de justificativas para perceber que o São Paulo não venceria o Ituano por mais que quisesse.

Muito será dito. Acusações variadas serão feitas. Debates intermináveis e inconclusivos serão realizados. Ficará no ar o "se". Se o São Paulo vencesse ou empatasse, ainda haveria tempo para uma reviravolta na última rodada, e mais isso, e mais aquilo, patati, patatá. 

Disso tudo, creio que apenas uma coisa seja certa: não existirão mais Grafites.



sexta-feira, 14 de março de 2014

A América pulsa

Finda a 3ª rodada da Libertadores e o panorama que se apresenta não é nada alentador a brasileiros, exceção feita a Atlético Mineiro.

Pelo bem da competição a maioria dos grupos buscaram manter uma organização semelhante à de uma suruba no escuro. Tentemos visualizar como a balbúrdia se apresenta no momento:


GRUPO 1 - 3 times repartem a liderança com 6 pontos. Bullying desumano sobre o Universitario, único time da Libertadores a não conseguir somar um maldito ponto sequer. Em primeiro, o The Strongest com 2 gols pró e somente mais um jogo na altitude de La Paz (justamente o último contra o Atlético Paranaense). Nesta rodada, enfiou 2 a 0 no segundo colocado, o sempre perigoso Vélez, que contabiliza 1 gol na conta e 2 jogos pendentes em sua cancha. E na espreita está o Furacão. Saldo zerado graças à vitória por 1 a 0 sobre o Universitario lá no Peru. Porém, terá os dois próximos jogos em casa. Si se puede.  

GRUPO 2 - O Botafogo foi apresentado à derrota pelo Independiente del Valle, no Equador. Por essas coisas que só acontecem ao Botafogo, a derrota por 2 a 1 não tirou a ponta do grupo dos cariocas. Porém, agora tem dupla companhia: os mesmos 4 pontos são contabilizados por equatorianos e pelo abençoado San Lorenzo, que empatou em casa contra a Unión Española e desperdiçou a chance de tomar a liderança do grupo. O caos está instaurado pois os lanternas chilenos somam 3 pontos. Para o Fogão só interessa vencer os dois próximos duelos consecutivos em casa para chegar confortável para a última rodada contra os argentinos em território hermano.

GRUPO 3 - Bater o olho na tábua de classificação do grupo 3 é achar curioso o Lanús ostentar a lanterna com 1 ponto conquistado. Não é surpreendente o Deportivo Cali ter imposto a segunda derrota seguida aos argentinos e assumido a liderança soberana com 6 pontos. Em segundo lugar vem o chileno O'Higgins que vacilou feio esta rodada. Vencia o famigerado Cerro Porteño por 2 a 0 mas permitiu o empate paraguaio. Agora, os chilenos tem 5 e paraguaios 4 pontos. 

GRUPO 4 - Nadando de braçada, o Atlético Mineiro lidera com 7 pontos e está seguro na primeira posição. É infinitamente superior aos rivais e já está virtualmente classificado. Trouxe do Paraguai um ponto contra o Nacional Querido e abriu 4 de vantagem para os últimos do grupo. O dito empate elevou o Nacional ao segundo lugar (4 pontos) superando o Independiente Santa Fé, que foi derrotado pelo Zamora e trouxe os venezuelanos de volta à Libertadores. Essa briga pela segunda vaga há de ser bem interessante.

GRUPO 5 - Para alegria do Galo, o Cruzeiro está em maus lençóis e corre risco de ficar fora. Por mais que tenha dois duelos em casa dos três restantes, importante considerar que, hoje, a Raposa estaria eliminada. Eis aqui um grupo no qual a classificação provavelmente virá pela análise do saldo de gols. Defensor e Universidad de Chile dividem a liderança com 6 pontos. Uruguaios em vantagem com 4 gols pró de saldo. A goleada sofrida ante o Cruzeiro deixa La U com preocupantes -2 gols em conta. Na rabeira, mineiros (+1) e Real Garcilaso (-3) com 3 pontos.

GRUPO 6 - O Grêmio só não está tão bem quanto o Atlético Mineiro posto habitar o grupo de morte e as circunstâncias o obrigarem a dormir com um olho fechado e outro bem aberto. Empatou em casa com o Newell's consolidando-se na ponta com 7 pontos. Nada mau. Só que os argentinos estão em segundo com 4 pontos e 3 gols na carteira. E o engraçadinho Atlético Nacional também tem 4 pontos embora esteja devendo dois gols. Eis que o Grêmio terá agora 2 jogos fora justamente contra os famintos rivais que distam protocolares 3 pontos ou, como preferirem, uma vitória. E o Nacional jogou fora dois pontos e a chance de iniciar uma revolução no grupo. Vencia os cafeteros lá na Colômbia por 2 a 0. Os mandantes jogaram toda a partida com um jogador a menos - graças a uma expulsão relâmpago - mas reagiram e Bocanegra fez os dois tentos que valeram o suado empate.

GRUPO 7 - O Flamengo parece ser o brasileiro em situação mais delicada. Empatou com o Bolívar no Maracanã. Lá, já havia vencido o Emelec. Portanto, 4 pontos em dois jogos em casa. Resta apenas um em três, logo, vai ter que buscar pontos América afora. (Ah, isso significa ter que capinar pontos na altitude). No mais, aquela derrota pouco pesou ao Emelec porque os equatorianos fizeram a lição de casa duas vezes e lideram com 6 pontos. Com os mesmos 4 pontos do Flamengo vem o León. No entanto, os mexicanos terão 2 duelos em casa dos três a serem feitos. E o Bolívar conquista seu 2º ponto sustentando a utopia de conseguir uma vaga.

GRUPO 8 - Por fim, o grupo mais chato da Libertadores. Santos Laguna lidera com 7 pontos. O Arsenal de Sarandí na cola com 6 pontos. Anos-luz atrás, Deportivo Anzoátegui tem 2 pontos e, pausa. O Nacional estar comendo o pão que o diabo amassou desde o sorteio pode ser consideravelmente aceitável. Entretanto, o Peñarol em um grupo desse ter somado apenas um ponto é a grande decepção da competição.  

quinta-feira, 13 de março de 2014

Botecadas

NA CONTA DO CHÁ - Palmeiras e São Paulo estrearam com vitória na Copa do Brasil mas não conseguiram eliminar o jogo de volta. Ambos derrotaram Vilhena e CSA, respectivamente, por 1 a 0. Era mais obrigação do Verdão sair com a vitória por mais de dois gols pela fragilidade óbvia do adversário. Coube a Leandro superar a insalubridade do local de jogo e a truculência exagerada dos mandantes para anotar o tento da vitória a 3 minutos do fim. Embora o CSA tenha lá seu renome e tendo no currículo a eliminação do Santos, em plena Vila Belmiro nos idos de 2009 e Neymar engatinhando, o São Paulo não jogou o suficiente a ponto de fazer jus ao 2º gol, em que pese a boa participação de Pato, que iniciou a jogada do gol de Osvaldo. Os jogos de volta estão previstos no meio da semana entre as duas finais do Paulistão. Ou seja, desgaste à vista.


SEM SURPRESAS, SEM SUSTOS - Barcelona, Paris Saint-Germain e Bayern de Munique confirmaram a vantagem obtida nos jogos de ida e carimbaram passaporte para as quartas-de-final da UEFA Champions League. O Manchester City, mesmo com investimentos infinitos e uma ótima equipe, mais uma vez, não foi longe. Após duas quedas na primeira fase, os citizens morrem nas oitavas para um ainda ótimo Barcelona. PSG bateu o Leverkusen por 2 a 1 e o insano Bayern amarrou um empate com o Arsenal por 1 a 1. 


COM SURPRESA, COM HUMILHAÇÃO - O Atlético de Madri havia batido o Milan, no San Siro, por 1 a 0. Em seus domínios protagonizou um verdadeiro massacre sobre os comandados de Seedorf. Estrondosos 4 a 1, com dois gols de Diego Costa. Os colchoneros seguem muito vivos na Champions e revela-se um adversário complicado para qualquer endinheirado que apareça. Kaká fez o de honra para o Milan.


APRENDE, BRASIL! - O presidente do Bayern de Munique, Uli Hoeness, foi condenado a 3 anos e meio de prisão por sonegar aproximadamente 27 milhões de euros. Sentença cabe recurso, tal, mas a justiça alemã já deu exemplos de que não é de aliviar a barra de figurões tão facilmente. Breno, zagueiro ex-São Paulo, botou fogo na casa e foi para o xilindró sem choro nem vela. Mais um exemplo que o Brasil não vai seguir.



 

segunda-feira, 10 de março de 2014

Apenas um grande jogo

Corinthians 2 x 3 São Paulo. Cinco gols em um clássico sugerem um jogão digno da grandeza dos envolvidos. E, de fato, foi uma grande partida. Com requintes surreais do início ao fim, quando o árbitro encerrou o jogo a única certeza que ali se extraía era que o triunfo tricolor colocava ponto final a um jejum de mais de um ano sem vitórias em clássicos. Só e nada além disso.

A pane tricolor nos 10 minutos iniciais culminou com um golaço contra do zagueiro Antonio Carlos. De letra, o beque completou cruzamento de Luciano e inaugurou a atividade paranormal da tarde.

O gol fez o São Paulo sair para o jogo e dominar a posse de bola. Porém, quanto mais a bola rodava no ataque, menos objetividade havia nas conclusões. Isso muito se deve porque o Timão abdicou de explorar os contra-ataques para direcionar seus esforços exclusivamente no âmbito defensivo.

Foi quando no 38º minuto de jogo foi possível ver uma fenda no céu que distorceu o tempo e o espaço a ponto de mudar a ordem então vigente dentro das quatro linhas. A bola encontrou Ganso na entrada da área. Subitamente, desafiando as leis da obviedade, Ganso desfere um tiro de canhota. O trajeto cruzado encontra o ângulo e iguala o clássico.

Ao final do primeiro tempo, Mano Menezes conseguiu ser expulso por ter exagerado nas reclamações com o árbitro, com seu time que teria que voltar a atacar, com a falta de sorte em sofrer um gol de um meia que nunca chuta a gol, com a ausência de Jadson, dentre outras frustrações quaisquer. 

O festival de surrealidades persistiu na segunda etapa. 

Logo aos 5 minutos, Douglas, simplesmente o recordista histórico de cornetadas de seus próprios adeptos, tira dois jogadores do Timão da jogada, liga Pabón na direita que cruza para Luis Fabiano completar. Virada tricolor!

Sem Mano no banco e atrás no placar, o Corinthians arregaçou as mangas e foi lá se assanhar no ataque. No minuto seguinte, quase Luciano iguala o marcador. Mas aos 14 minutos não teve jeito. Guerrero, que entrou no lugar de Renato Augusto, invadiu a área pela esquerda, bateu para o meio e, de novo ele, Antonio Carlos, amaldiçoado da tarde, tira de Rogério e empata para o Timão.

Faltando 30 minutos para o final era de se prever uma pressão dos mandantes em fazer valer o tabu e impor mais uma derrota ao rival, freguês histórico. Contudo, a partida curtiu bons momentos de um lá e cá bem interessante que deixava a torcida crente estar diante de um possível gol, embora o Tricolor se postasse de uma maneira um pouco mais segura que o habitual.

E o gol saiu. Dos pés rápidos e tortos de Osvaldo que tantas vezes sacrificaram boas oportunidades de gol saiu um cruzamento da esquerda que atravessou a grande área para encontrar a cabeça de um improvável Rodrigo Caio no bico da pequena área, à sombra de Uendel. O cabeceio cruzado vence os 4,85m de Cássio e salva o companheiro de zaga do linchamento pós-Majestoso. 

Quinze minutos protocolares depois, o fim de uma grande partida que terminou nem tão saborosa para um e nem tão amarga para outro.

Dois pontos separam Ituano e Corinthians. Entre esses dois pontos, o São Paulo. Domingo que vem o Tricolor recebe o Ituano. E o Corinthians vai visitar o Penapolense. Dificilmente o Tricolor vai tropeçar em casa novamente, especialmente diante de uma circunstância dessa. Em prol das relações cordiais que foram retomadas com a troca Jadson x Pato, é de se esperar um novo "efeito Grafite" que culmine na classificação do Timão. Claro, desde que o Corinthians faça sua parte - o que deve ocorrer.

Com isso, pelo lado do São Paulo há de ser celebrado o fim do jejum e o empenho da equipe em um clássico mesmo nas condições mais adversas. No mais, se não fosse o tropeço do Ituano contra o quase rebaixado Atlético Sorocaba (1x1, em Itu) certamente o resultado do Majestoso teria implicações bem mais traumáticas ao Timão.






quinta-feira, 6 de março de 2014

Domingo no Pacaembu

Na guerra travada em todos os campeonatos o pior inimigo e o principal aliado vem das arquibancadas. Geralmente os duelos entre clube e torcida são travados com alguma parcimônia durante o primeiro semestre reservando uma generosa dose de truculência para os meses finais do ano, quando nada mais resta senão o rancor pela acumulação de maus resultados. Quis o destino que a 3 rodadas do término da primeira fase do Paulistão, Corinthians e São Paulo se enfrentassem com possibilidade concreta de negociar com seus adeptos um dos pactos mais importantes que as partes podem selar: um voto de confiança.

Domingo no Pacaembu. Tricolor bipolar, ê, José. Timão em ascensão, ê, João. Tricolor já tá lá, ê, José. E o Timão ainda não, ê João. 

Não é necessário criar mais versinhos para saber que o desenlace da história tende a ser trágico, tal como a canção. É só olhar a tabela, ver os jogos que faltam, fazer as contas e perceber onde o desejo da torcida repousa.

Animado e em ascensão, o Corinthians parece ter engolido seco o mau começo de Paulistão, a invasão e as polêmicas extra-campo para se reinventar e lutar por um espaço nas quartas-de-final. Para tanto, precisa vencer e torcer por tropeços de Botafogo e, principalmente, do Ituano para beliscar uma vaga.  

Jadson azeitou a meia-cancha, Luciano mostrou estrela e Bruno Henrique reparte o serviço sujo com Ralf e Guilherme, Cléber deu estabilidade à zaga. Embora Jadson não entre em campo como parte da bizarra negociação que envolveu a troca do meia e Pato é inegável que o Timão tem um conjunto mais harmonioso. Por mais bagunçado que esteja o ambiente é possível ver algum equilíbrio nesse grupo.

Tem uns buracos nos flancos, pois é. Só que também tem alternativas, como: Sheik, Renato Augusto, Romarinho, Danilo. Enfim, até dá para seguir no embalo dos bons resultados, derrotar o São Paulo e fungar mais fundo no cangote do Ituano. Mano sabe que vai ter que deixar de lado o retranqueirismo dos clássicos porque precisa desesperadamente dessa vitória.

Já o São Paulo vive de um bipolarismo irritante. Está classificado mas não tem o primeiro lugar garantido. Ataque e defesa batem cabeça constantemente. Parece que não conseguem funcionar bem simultaneamente. Entretanto, o que mais aflige sua torcida - à parte o futebol de oscilação - é o pífio desempenho nos clássicos e jogos decisivos.

A última vez que o Tricolor venceu um clássico foi em 2012, justamente contra o Corinthians, naquela que seria a última vez que o Ganso fez um grande jogo. Daí em diante acumularam-se derrotas e empates modorrentos. Acrescente a eliminação na semi da Sul-Americana para a Ponte e, pronto, tem-se um caldeirão de insatisfação curtida rodada após rodada.

É bem verdade que a volância tricolor não cumpre dignamente seu papel defensivo e não colabora na evolução da equipe até o ataque. No entanto, surge uma oportunidade de fazer as pazes com a torcida. Luis Fabiano aparentemente bem fisicamente e reencontrando as redes com frequência, Pabón encaixou bem no ataque, Álvaro Pereira agregou à transição e a motivação extra: é possível eliminar o Corinthians. 

Caso o Tricolor vença o Majestoso e perca seu jogo seguinte, coincidentemente contra o Ituano, que está rigorosamente um ponto na frente do Timão, elimina o alvinegro do Paulistão.

Se tem uma coisa que pode acalmar os ânimos da torcida são-paulina é levar o caos ao rival. Se tem uma coisa que pode acalmar a Fiel é uma vitória seguida da classificação. A definição da cota de confiança ou tolerância a ser administrada até o final da temporada pelas torcidas tem data para ser conhecida: Domingo no Pacaembu. 





terça-feira, 4 de março de 2014

Cordialidade europeia

Na como a cordialidade europeia. Você chega na casa do cara e se sente à vontade com aquele ambiente tão "hospitalar" (valeu, Zanata!). De tão confortável, que tal praticamente assegurar uma vaga nas quartas-de-final do segundo maior torneio de clubes de futebol no Mundo? Boa, né? Foi isso que seis clubes fizeram na Champions League.

Semana passada nós bem vimos o que houve. Faltou apenas lembrar que o Paris Saint-Germain foi visitar o Bayer Leverkusen e enfiou logo quatro bolas nas redes germânicas. Nesta semana, apenas um time teve culhão suficiente de vencer em casa. E logo quem menos se esperava.

O guerreiro Olympiacos explorou o fator casa e o apoio dos deuses mitológicos para esfregar a desgraça na cara do Manchester United, que vive um terror em sua primeira jornada sem Alex Ferguson. Um 6º lugar no Inglesão não soa de todo mal, porém uma derrota para o franco atirador grego colocam os Diabos Vermelhos em alerta para o futuro. Ou David Moyes vira a partida e tenta encerrar a temporada de maneira honrosa ou pode ser o primeiro degolado da nova era do United.

Tirando o Galatasaray, que empatou com o Chelsea, os demais mandantes foram verdadeiras mães.

Russos e alemães abandonaram a frieza que lhes são peculiares para trazer um pouco de calor aos adversários. O Zenit, de Hulk, que fez um de pênalti, não segurou a artilharia pesada de Lewandowski, Reus e cia. Vice-campeão ano passado, o Borussia venceu por 4 a 2 e estará no bololô da Champions novamente.

Por fim, ninguém fez mais que o Schalke 04. Recebeu o Real Madrid e foi humilhado por impiedosos e inapeláveis 6 a 1. Huntelaar fez um golaço, justo o de honra. Depois de ver o trio Benzema, Bale e Cristiano Ronaldo anotarem dois belos gols cada.

Vejamos se a cordialidade será recíproca em algumas semanas.


domingo, 2 de março de 2014

Festa do Interior

Carnaval, folia, alegria, marchinhas e nada como o interior do Estado para curtir esse clima festivo longe da panela de pressão de São Paulo. E é lá mesmo que tem algumas cidades presenteadas com um futebol de primeira e que vem dando o que falar aqui na capital. 

No grupo A, o pior dos 4 disparado, o Penapolense divide a liderança do grupo com o São Paulo. O grande destaque é Alexandro, atacante que já anotou 5 tentos no Paulistão. A julgar pela instabilidade do Tricolor, a primeira posição só vai ser decidida na última rodada. Pode não ser um primor de time, porém, é bem organizadinho e, se confirmar a liderança, vai decidir em casa as quartas-de-final com totais condições de surpreender o São Paulo.

O grupo B foi premiado com um equilíbrio bastante sui generis. O grupo do Corinthians tem uma dupla peralta do interior a roubar uma vaga que, dentro das CNTP, deveria ser do Timão. Enquanto os rapazes da capital somam 17 pontos, mesma quantidade dos meninos ousados do Audax, o Botafogo de Ribeirão Preto conta 22 pontos. Logo atrás vem o Ituano com 21.

Bom, o Tricolor de Ribeirão tem em seu elenco o experiente Leandro Gianecchini e o goleiro Renan, aquele alemãozinho que explodiu no Avaí, foi para o Corinthians e, bem, taí no Botafogo. Nenhum deles é titular, mas nem por isso o time é ruim. Pelo contrário, Wagner Lopes armou um time que sabe explorar as duas melhores táticas boleiras: fechar a casinha e atacar com competência. Mike, atacante, também tem 5 gols no torneio.

Já Itu também vive bons momentos com seu clube. Com Doriva "Aquele" (ex-volante do São Paulo) na casamata, o Galo de Itu flerta maliciosamente com as quartas-de-final. Marcinho Aquele (ex-Furacão, Corinthians, Palmeiras, etc) e Cristian, meia ex-Palmeiras, aquele de cabelo enroladinho, são opções no elenco cujos destaques são o beque Anderson Salles e o atacante Rafael Silva com óbvios 5 gols cada.

O grupo C alijou a Portuguesa da disputa das primeiras posições e deixou o Santos dar as cartas sem dificuldades. Ponte Preta e São Bernardo brigam pela segunda posição. Favorita a confirmar a vaga, a Macaca, apesar das baixas que seu elenco sofreu ao término da temporada passada, conseguiu manter a estrutura que quase levou a Sul-Americana. Tem um punhado de Aqueles em seu elenco, como: Adrianinho e Bida, no entanto o destaque é o ex-menino da vila Alemão, artilheiro do time com evidentes 5 gols.

Por fim, o melhor grupo do Paulistão vê Rio Claro e Bragantino duelarem pela vice-liderança. Apenas dois pontos separam os engraçadinhos, com vantagem para os azuis de Rio Claro. Embora tenha no grupo os rodados Alex Bruno e Alex Afonso, quem se destaca é o meia Léo Costa, autor de 7 gols e atual artilheiro do Paulistão!

E pelo lado do sempre perigoso Bragantino brilha o treinador Marcelo Veiga, no comando da Massa Bruta desde 1900 e nada. Lincom, Léo Jaime e Cesinha são os encarregados em levar o caos às defesas adversárias enquanto um meio-campo voluntarioso busca atazanar a vida do rival. Aposto na regularidade do Braga, apesar da grata surpresa de Rio Claro.