domingo, 12 de agosto de 2012

Vexame indiscutível.

Chega ao fim os Jogos Olímpicos de Londres 2012. Entre surpresas e decepções, o Brasil bate recorde de medalhas em uma edição (17 ao todo, sendo 3 de ouro) e termina em uma amarga 22ª posição no quadro geral. A colocação indigesta tem justificativa na ponta da língua de qualquer torcedor: o vexame que as seleções masculinas de futebol e vôlei proporcionaram.

A primeira fase do futebol olímpico foi o prenúncio de que havia algo estranho no ar, só não notou quem não quis. Prematuramente, a toda-poderosa Espanha e o aguerrido Uruguai deram adeus à competição ainda na fase de grupos. Disposta a encerrar o tabu dourado, a Seleção Brasileira garimpava sua trilha rumo ao sonho com ótimo aproveitamento ofensivo e grandes sustos defensivos.

Há alguns anos o vôlei é nossa segunda principal modalidade esportiva. Os resultados obtidos em quadra tanto pelos homens quanto pelas mulheres enchem o coração brasileiro de orgulho e esperança em tempos de Olimpíadas. Sob a batuta do iluminado José Roberto Guimarães, as meninas levaram o bicampeonato olímpico. Cabia a Bernardinho guiar os meninos à glória máxima também.

No caso do futebol, quando duas das três claras favoritas ao título caíram assim, sem mais nem menos, sem que nem por quê, duvido se houve algum brasileiro que não tivesse pensado "Esse ano é nosso!". Se 2012 é o ano do fim - e isso acaba justificando resultados e títulos dos mais improváveis - o ouro sonhado desde sempre estava cada vez mais tangível. No entanto, a derrota do Brasil para o México foi na contramão da lógica e apenas ratificou o tabu olímpico.

Durante a ressaca do fracasso da paixão nacional, o domingo amanheceu lindo, com sol, céu aberto e Bernardinho, Giba e Cia. vencendo a Rússia por 2 sets a 0. Subitamente, o Brasil travou. Pura e simplesmente parou de jogar. Perdeu o 3º set, depois o 4º e sofreu uma virada história no tie break com direito a massacre: 15 a 9.

É covardia comparar o nível de investimento, cobrança e expectativas em torno das duas modalidades. Porém, inegável dizer que se tratam de dois vexames vergonhosos. Reduzir essas derrotas especificamente à singela máxima de que no esporte "se ganha e se perde", ao meu ver, desvia o foco de quem clamorosamente fracassou.

Com 2 sets a 0 de vantagem e 21 a 18 no placar, o vôlei masculino tão experiente não teve a tranquilidade necessária para administrar a vantagem. Tampouco suporte psicológico e tático para resistir ao arsenal russo no 4º set. Entregue, o Brasil não ofereceu resistência no 5º e decisivo set. Parou. Amarelou, literalmente.

Já o futebol masculino não fez uma má partida, muito menos um mal torneio olímpico. Embora a seleção mexicana tenha se defendido com primor e explorado com competência os contra-ataques, o Brasil criou, tentou, finalizou (mal, verdade seja dita), até esboçou um mínimo de vontade. Abusou das falhas individuais e péssimas escolhas táticas defensivas do treinador.  Resultado: por pensar que poderia vencer de qualquer maneira, novamente o Brasil tropeça na própria soberba.

Humildade. Entendo que faltou humildade para ambas equipes. Humildade para virar uma bola de cada vez, sem pensar na euforia do pódio. Humildade para organizar melhor o time no aspecto defensivo. Humildade para ser mais coerente nas escalações, substituições e convocações. Humildade em reconhecer que, do outro lado da quadra e do campo, havia uma seleção igualmente disposta a matar ou morrer pelo ouro.


Um comentário:

  1. enquanto levarem ao escrete olímpico, jogadores de 'montra' - para obter o nº de internacionalizações que lhes permita a transferência para Inglaterra - como acontece com o hulk, dificilmente acontecerá o ouro

    ResponderExcluir