segunda-feira, 21 de maio de 2012

Pipoca, Who?

Dias depois da final da UEFA Champions League ainda busco algo interessante a dizer sobre a partida. É difícil encontrar palavras ou pontos cruciais que culminaram no título do Chelsea sobre o virtual favorito Bayern de Munique. E, mesmo depois de muito pensar, a única coisa que me vem à tona é uma sigela pergunta: Quem é o pipoca agora?

O Chelsea era um chato coadjuvante até a aparição de Roman Abramovich em sua vida. Comprou o clube em 2003 e transformou o Blues em uma das grandes potências do futebol mundial. Entretanto, em que pese sempre ter formado esquadrões respeitáveis, as conquistas ainda ficavam restritas à Inglaterra. Por incontáveis vezes colecionou eliminações. Na temporada 07-08 o título escorreu pelos seus pés ao perder para o Manchester United nos pênaltis.

Quando o universo conspirava contra o Chelsea e sua eterna sina de amarelão no âmbito internacional, a sorte lhe sorriu. A temporada irregular culminou com a demissão de André Villas-Boas. Roberto di Matteo assume com a ingrata missão de reverter dolorosos 3 a 1 sofridos contra o Napoli, no jogo de ida pelas oitavas-de-final.

Veio a superação. Virada sobre os italianos por 4 a 1. Daí em diante despacharam o Benfica e o poderoso Barcelona. O estilo pragmático do futebol de resultado, de muita marcação, contra-ataques e bolas paradas eram a receita básica e primitiva da equipe.

Na final, o Bayern. Dono do palco da final, do ataque mais insinuante, das grandes promessas do futebol alemão, da velocidade, da precisão. No duelo dos desfalques, o Chelsea realmente acabou com sua zaga seriamente comprometida. Sem contar perder Ramires, o motorzinho da meia-cancha. O Bayern nem tanto, mas o ataque sempre foi seu diferencial.

A partida foi exatamente o que todos esperavam: ataque x defesa. E os goleiros, Cech e Neuer, foram do céu ao inferno. Quando Müller abriu o placar aos 38 minutos para o Bayern, os discursos e rótulos de pipoca estavam prontos a serem distribuídos. Cech errou o tempo da bola, da defesa e aceitou a cabeçada de Müller. Para o chão, a bola quica e encobre o monstro tcheco de 1,97.

Terry, que perdeu o pênalti que poderia ter dado o título em 2008, vacilou feio e foi expulso contra o Barcelona. Quase sabotou a classificação para a final e, por estar fora do duelo, sua parcela de culpa também estava reservada. E Drogba? Perdeu pênaltis decisivos pela Costa do Marfim e fazia uma partida discreta até os 44 do segundo tempo, quando resolveu se tornar o grande protagonista de decisão.

Escanteio certeiro, cabeçada certeira e Neuer, com a mão um tanto mole, não consegue defender o tiro do atacante. Empate dramático e o filme da pipoca continua. A briga pelo indesejável troféu segue acirrada. Disputa estranha.

Na prorrogação, Drogba roubou a cena novamente: comete pênalti infantil em Ribéry. Robben foi para a bola com o peso de já ter convertido contra o Real. E ter perdido outros tantos decisivos. Como contra o Borussia ou contra o Liverpool quando vestia a camisa do Chelsea. Pois é, o holandês partiu e Cech  redimiu-se da falha no gol de Müller e defendeu. Drogba curtiu isso.

O futebol alemão que sofre sucessivas derrotas desde 2002, inclusive com o próprio Bayern na final da Liga em 2010, apagou. Vieram os pênaltis. Neuer fez sua parte. Defendeu o tiro de Mata e converteu uma cobrança. Cech defendeu a cobrança de Olic e viu Schweinsteiger mandar na trave. Então, quis o destino que Drogba, perdedor de tantos pênaltis decisivos, acertasse um tiro seco no canto para dar ao Chelsea o tão sonhado título europeu.

Resumo da ópera, o Chelsea perde a virgindade e conquista sua primeira Champions League. A vitória do pragmatismo sobre o show. Uma lição de futebol principalmente no âmbito tático. Finda o estigma de pipoqueiro e, definitivamente, começa a ser respeitado internacionalmente.

Sobrou para o Bayern e para o futebol alemão a dor de mais uma perda. Mais uma. Bayer Leverkusen em 2002, Bayern em 2010 e 2012, Seleção Alemã vice no Mundial de 02 e 3º em 06 e 2010. Vice da Euro-08. Por mais tradicional que seja, a frieza abandonou a Alemanha, crucificada em tantas decisões.  

A Euro-12 e a Copa do Mundo no Brasil em 2014 são os próximos desafios. Sinceramente? Por já ter chegado tão perto tantas vezes, creio que o azar deve bater mais cedo ainda em sua porta e amargar um jejum ainda maior. É, Alemanha...quem te viu, quem te vê...

Um comentário:

  1. Gabriel,
    uma coisa é certa, estava escrito nas estrelas que o Chelsea ia ser o campeão. Gols no fim de jogos, viradas incríveis, goleiro pegando penalt(s), tudo conspirou a seu favor.

    BLOG DO CLEBER SOARES
    www.clebersoares.blogspot.com

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