quinta-feira, 24 de maio de 2012

Paixão corinthiana

Paixão. Sentimento geralmente associado a amor, arroubos de euforia e atitudes impensadas. Também sinônimo de dor, sofrimento. Nesta quarta, o Corinthians recebeu o Vasco para decidir seu destino na Copa Libertadores. Após o empate sem gols em São Januário, o Timão dependia de uma vitória simples para avançar. Novo empate sem gols levava a partida aos pênaltis e empates com gols eram do Vasco. 

Mas nada na vida do Corinthians é simples. Nada é tranquilo, na maciota. Tudo exige uma quantidade significativa de...paixão. Hoje não foi diferente, ora. 

A partida toda foi bastante estudada e ambas equipes tiveram suas oportunidades de gol. No primeiro tempo, vantagem ligeira para os mandantes que tiveram grandes chances com Emerson e Paulinho, de cabeça. Não que o Vasco tenha ficado encolhido atrás, apenas não foi tão incisivo nas tramas ofensivas.

Na segunda etapa, sobrou paixão no Pacaembu para todos os lados. 

Ao trocar Thiago Feltri por Felipe, Cristóvão Borges dava um recado aos críticos de plantão e sinais de que faria o Vasco brigar de igual para igual com o Timão mesmo fora de casa. Tite não mexeu no time, mas logo aos 10 minutos exagerou no bate-boca com a arbitragem e foi expulso. Foi ver o jogo com a Fiel, curtir a paixão das arquibancadas.

O empate persistia e os ânimos começavam a se exaltar. Jogo truncado, nervoso. Defesas bem postadas e os goleiros faziam intervenções pontuais. Então, veio o 17º minuto de jogo e com ele o 1º lance crucial da partida. 

O Corinthians atacava. A bola parou em Alessandro no meio-campo. Quando o lateral bateu na bola, surge Diego Souza. Trava o chute e liga contra-ataque. Era Diego Souza, ele mesmo e mais ninguém contra Cássio e o gol. O meia avançou rapidamente, Cássio foi para a marca do pênalti e esperou. Diego veio e deu um tapinha na bola para o canto direito. Ágil e preciso, Cássio se estica, desvia a rota da bola que passa tirando tinta da trave. 

É impossível traduzir em palavras como foi o lance. É bizarro. Mais difícil ainda é imaginar como Diego Souza conseguiu tamanha proeza. Vejam o vídeo abaixo e tirem suas conclusões;


Ao meu ver, por maior que seja o mérito do ótimo goleiro Cássio, o vacilo é todo do meia. Diego Souza, com a qualidade que tem (ou dizem que esbanja) tinha obrigação de guardar a bola nas redes. Fosse de dedão, driblando o goleiro, encobrindo-o, enfim. Aliás, não só Diego Souza, QUALQUER UM que apareça naquela condição e desperdiça não merece perdão. É igual pênalti, tem que fazer e ponto.

No escanteio, Nilton subiu mais que a zaga do Timão e carimbou o travessão. 

Após esses lances fatídicos, o Vasco sumiu. E o Corinthians cresceu. Dominou o meio-campo e não mais foi assustado em nenhum momento. Começou a gostar do jogo, pressionar. Chuveirinho, jogada pelos flancos, troca de passes na entrada da área, tudo.

O Vasco se segurava como podia. Depois daquele lance, melhor que viessem logo os pênaltis. Contudo, o Timão não estava disposto a colocar o tabu de jamais ter sido eliminado pelo Vasco em mata-matas à prova. 

Tanta paixão, ou melhor, pressão deu resultado. Depois de tanto bater e voltar, surge um escanteio aos 42 minutos. Alex manda para a área e a bola encontra Paulinho que cabeceia bonito no canto sem chances para Fernando Prass.

Explosão nas arquibancadas. Tite é abraçado, o time se abraça e comemora o gol da classificação. Entregue, o Vasco só dependia de uma bola restando aproximadamente 5 minutos para acabar o jogo. Juninho ainda levantou na área mas Rômulo cabeceou para fora.

E foi só. Hoje, o Corinthians foi o velho Corinthians. Aquele time vibrante, da garra, da vontade, da superação, que luta até o fim. Defendeu-se bem e tomou sustos circunstanciais. Arrancou a vitória na marra para não depender de pênaltis e vê despontar um grande goleiro candidato a novo ídolo. Alcança as semi-finais do torneio com moral, confiante e vendendo paixão.

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