quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Seleção Brasileira nua e crua.

Não é de hoje que perdi o tesão na Seleção. Nunca fui aquele fã incondicional da amarelinha. Nem no penta, juro. Admito que na Copa de 94, ainda menino, vibrei com o título mesmo sem entender exatamente o que aquilo significava. Mas, confesso, amei o escrete canarinho de 2010. Sim, aquele de Dunga. Ah, Dunga, que saudades!

Podem me chamar de doente à vontade, não ligo. Apenas não esqueçam que o treinador ranzinza só saiu porque perdeu a Copa. Ou seja, foi crucificado por um único jogo infeliz. Todo aquele papo de "devemos dar sequência no trabalho" e "os treinadores não deveriam pagar o pato por derrotas isoladas, ainda que em torneios importantes" vai direto para o ralo.

Mais importante que qualquer campeonato, Dunga deu identidade a uma Seleção acostumada a ver suas apagadas estrelas em completo descaso com o mais puro amor à camisa, ao jogo, à vontade de vencer. Tanto que ganhou praticamente tudo que disputou. Morreu na cruz após a Copa. Para mim, virou um mártir.

Porém, o tema Seleção só vem à tona pelo amistoso de terça. Vencer a Bósnia na bacia das almas e com gol contra é demais. Fere minha condição de homem médio. Para quem teve o prazer de não acompanhar a partida foi mais ou menos assim: Brasil abre o placar com Marcelo no começo do jogo e parecia que ia golear. Aí pouco depois a Bósnia empatou o jogo num frangaço do Julio Cesar. Depois de tomar sufoco, o Brasil achou um gol no final. Ronaldinho não jogou nada, só para constar.

O trabalho de Mano Menezes está na mira da torcida, mas não da cúpula da CBF, claro. Só que há algo muito errado acontecendo. Ou Mano convoca, treina e escala mal ou a geração de jogadores não contribui. 

Ronaldinho FOI craque. Ex-craque resolve? Sim. EM CLUBES. Na Seleção, ele precisa estar no auge da forma. Ganso está aos poucos recuperando o bom futebol. Quem é melhor goleiro senão Julio Cesar? Daniel Alves é o cara da lateral. Na esquerda, Marcelo evoluiu muito, inclusive no Real Madrid. Hernanes vive bom momento na Lazio. Fernandinho não é lá essas coisas mas jogou bem, até. Tem feito a transição defesa-ataque satisfatoriamente.

Leandro Damião é o melhor centroavante brasileiro em atividade. Neymar é o grande nome brasileiro no futebol atualmente. Pato alterna boas e discretas atuações no Milan. Thiago Silva é, de fato, um Monstro. Luisão não é pior que David Luiz. Elias é mediano. Não considero Jonas ou Hulk selecionáveis. Kaká sumiu, infelizmente.

Na base dos pitacos, entre mortos e feridos, Mano Menezes não tem cometidos erros abomináveis NA CONVOCAÇÃO. Ao escalar o time, sim. Errou ao começar com Ronaldinho, ao colocar Elias, demorou para colocar Lucas. Só esses equívocos já são capazes de questionar a capacidade de Mano extrair o melhor do elenco.

Entretanto, no fundo não importa. Eis uma Seleção que não encanta. Não encanta nem pela bola tampouco pela garra. Raça, Mano. RAÇA. Você veio do futebol gaúcho, cara! Cadê os culhões?! 

Independente do que aconteça, já tenho certo comigo que essa Seleção não merece ganhar nada. Atletas escolhidos a dedo por comissões técnica e diretiva políticas mais interessadas no maldito retorno financeiro da projeção de logomarcas, de circos na concentração ou transferências milionárias arquitetadas por empresários cúmplices. Mas nem se o Mano Menezes aparecer na minha casa de moletom e jurando um time com sangue nos olhos! 

Minha torcida contra um amontoado de jogadores vestindo amarelo ou azul em campo pode não fazer a diferença, mas vai trazer paz à consciência de um apaixonado por futebol que merece ver uma equipe, no mínimo, aguerrida durante quantos minutos sejam necessários para alcançar a vitória ao apito final.






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